Morando com Fantasmas

Em sua solidão condicional
escuta os rangidos das portas.
Elas se abrem e se fecham
quando não está olhando,
batidas fortes vêem dos quartos,
sons estridentes e sem harmonia
ressoam como gritos de desespero.
Ninguém o ajuda,
pensam que está delirando 
em sua depressão.
Quando a noite chega,
os sons aumentam
tilintares de correntes
são ouvidos ao longe,
conversas esbaforídas
lhe dão arrepios,
se senta em sua cama
liga a televisão e aumento
o som ao máximo
tentando abafar aqueles
murmúrios e escândalos
que o fazem tremer
e sair de si.
Começa a se sentir estranho
como se fosse se sufocar
como se realmente estivesse louco
e a loucura não tivesse cura.
Amarrado por uma camisa de força
de censura chora e se depete
implorando aos inquilinos
indesejados que se retirem,
eles não se importam com ele
continuam em sua discussão
fantasmagórica,
como se na verdade
ele fosse o verdadeiro fantasma.