Luto Branco e Preto

Vindo do céu,
um pequeno anjo em forma de gato
veio nos alegrar por um tempo.
Apareceu do nada
em cima de uma árvore
todo prosa como se já nos conhecesse.
Sempre brincalhão
era quase um cão,
sedento de carinho
rolando
e seguindo.
Meigo como ele nunca foi visto
pobre Didoo
bastou uma viagem,
para ele achar que estava só
e sua missão já estava comprida.
Não gostava da solidão,
me despesso de você
sem conter a tristeza de te perder.
Tchau tchau mais branco que preto.

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Querido Papai Noel

Por vários anos seguidos
venho pedindo coisas
egoístas e finitas.
Este ano quero pedir
a consciência de todos,
que ela sobreposse 
a todos os impulsos egocêntricos.
A paz em todas as nações,
não a paz que as misses falam
que é apenas da boca para fora,
quero a paz interna de cada pessoa
começando por mim.
Também queria pedir,
o fim do desperdício
só assim a fome findará.
Com todos estes três,
a solidariedade poderá chegar
e se aconchegar nos corações
mais duros.
Não pedirei o amor
porque todos o possuem
por algo que têm em suas vidas,
basta saber compartilhá-lo.
E por último,
queria pedir que o espírito de Natal,
não apareça apenas no dia 25
e sim todos os dias.

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Mais um personagem

Girando...
Não quero interpretar
mais um personagem
esteriotipado por suas ilusões
e sofrimentos.
Pelo molde deformado
e pessimista que a sociedade o tornou.
Girando...
Já estou cheio de máscaras
tampando a minha frágil
e facilmente abalável imagem.
Os personagens não se libertam,
ninguém me conhece,
apenas fingem.
Girando...
A sociedade não me empurrara novamente
expressões que não são minhas,
olhares que me perdem
me deixando bem longe.
Um estouro.
Caindo com os olhos
cheios de lágrimas e
sibilando antes de os fechar:
nem mais um personagem,
apenas eu.

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Só

Sentindo que ninguém
se importava.
Rejeitado pelos que achava
que se preocupavam com ele .
A própria imagem
refletida no espelho
o repudiava.
Tudo parecia escuro
pintaram o sol de negro.
Apenas aquela voz
que estava sempre com ele
apontando seus defeitos
o acompanhava.
Pequenos sons pareciam
estrondos devoradores
de vida.
Só estava,
o grande poço da morte
o tragava lentamente
o fazendo sentir
uma dor mais forte
que a física,
a dor da
inexistência social.

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Chegará o dia

Chegará o dia em que a fome
de educação
suprirá a fome alimentar.
Chegará o dia em que o ar da ganância
intoxicará a todos,
destruindo os mais fracos.
Chegará o dia em que a luz
se apagará dos mais puros
e a maldade tomará conta.
Chegará o dia em que o verde
se tornará marrom
e nada poderá colorir de volta.
Chegará o dia em que o amor
não existirá
será trocado por circuitos e parafusos.
Chegará o dia em que a guerra pela paz
não terá manifestantes,
apenas zumbis.
Chegará o dia em que cada um
explodirá a si mesmo
pela cobertura de nitroglicerina
que criou em seu próprio mundo
de mentiras.
Chegará o dia em que o mundo
não será mais mundo
e a vida não será mais vida.

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De dentro da vitrine

Olhando as pessoas
estático,
pelas faltas de movimentos
que minhas condições
de fabricação me propuseram.
Pessoas passando de um lado
para o outro me olhando,
apontando e sorrindo,
mas ninguém fala comigo.
Ninguém se interessa
pelos meus sentimentos,
na verdade nem sabem
que eles existem.
As únicas que se importam
comigo são as pessoas
que cuidam de mim,
me limpam e me trocam.
A vida por trás da vitrine,
não é tão glamorosa
quanto todos pensam,
há exclusão da sociedade
e ninguém tenta me salvar.

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Sem vontade

Sem vontade de se sentir
Sem vontade de despertar Sem vontade abrir os olhos
Sem vontade de levantar
Sem vontade de se trocar
Sem vontade de se aprontar
Sem vontade de desjejuar
Sem vontade de escrever
Sem vontade de almoçar
Sem vontade de fazer algo
Sem vontade de comer
Sem vontade de se sentir só
Sem vontade de jantar
Sem vontade de se sentir só
Sem vontade dormir
Sem vontade de sonhar
Sem vontade de viver.

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Regras

Todos sabem
que existem.
Mas se rebelam
apenas quando aparecem.
As regras
regem a sociedade.
São também as causadoras
de muitas batalhas.
E nem sempre saem
vitoriosas.
Como fazer todos aceitarem?

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Resultados

Resultado,
alegria,
euforia,
dancinha esquisita,
ligações,
sms,
gritos
com pulos.
Mais uma tentativa,
pressão,
respiração a mais calma possível
para não errar,
um objetivo a se conquistar
e um sonho a se realizar.
Outro resultado,
decepção,
estático como se o resto do mundo
não existisse,
apenas eu e o resultado.
Lágrimas,
pensar no tempo perdido
e no que perderá de novo.
Outro repetir a experiência,
como um dejavú.
Não sei mais quando viverei no meu sonho.

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O preço da dignidade

"Todo trabalho é digno",
como diz o ditado,
mas qual o preço que se precisa pagar
para se ter esta dignidade?
Pessoas sem nenhuma instrução
sobre o mundo e suas leis,
se vendem por pouco,
e trabalham como se estivessem ganhando
um presente
de outros sem caráter
que se aproveitam da ingenuidade
dos primeiros.
Crianças e adolescente vendem seus corpos,
para pessoas nojentas,
que pagam uns trocados.
As que usam os jovens,
acham mais fácil ter prazer
do que conversar
e tentar ajudá-los de alguma maneira.
É possível estas pessoas conseguirem
a dignidade
sem pagar um preço tão caro,
através do altruísmo
dos que têm mais possibilidades financeiras.

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Força de vontade

Calar-se na hora certa
ou falar na hora errada.
Como saber?
Mostrar o ponto de vista
sem se condenar
e sem lhe condenarem.
Como fazer?
Ter vergonha de falar
do que gosta,
porque sabe que lhe criticarão.
Se esconder?
Perguntar
ou ficar com a dúvida,
sem se ridicularizar.
Quem vai esclarecer?
Mostrar opinião,
se mostrar presente
e ser menos prudente.
Mostrar a cara para bater,
sem se arrepender.
Arregaçar as mangas
e transformar a si próprio e o mundo.
Basta saber que pode
tomar qualquer decisão.
É só ter força de vontade.

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Aceitação

Nasce
pequeno e estranho,
igual a todos.
A medida que cresce,
muda a aparência,
cria personalidade
e atitude.
Segue moda
e odeia a moda.
Quer chamar atenção,
se rebela.
Quer transformação,
esbanja.
Mexe no rosto
e no corpo.
Mas a alma continua a mesma.
Sempre encontrará algo errado.
O vazio não será preenchido
até que se aceite,
um simples e mortal ser humano.

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Alice

Curiosa
e vaidosa.Corre,
procura
e se arrisca. Destrói o real
se refugiando
no imaginário.Seres
que nunca falaram,
de repente começam
a lhe ajudar
ou atrapalhar.
Loucos,
sorrisos,
gargalhadas,
mesa do chá
e a deselegância.
Metamorfose,
aprendizado
e muita fumaça.
Cresce
e diminui,
ganhando
e perdendo o poder.
Percebe que sua esperteza
chegou nos limites.
Foge.
Tenta reconstruir o real,
briga consigo mesma.
E acorda.
Alice,
descobre
que não existe lugar perfeito.
Sempre há um defeito.
Mesmo nas Maravilhas
têm espinhos.

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Marionetes

Por meio de fios quase invisíveis,
o dono tenta manipular
sua população de bonecos.
Alguns aceitam todos os seus comandos
outros criam vida própria,
se rebelam e arrebentam os fios.
O manipulador fica sem reação própria,
usa os bonecos que lhe restaram
contra os rebeldes.
Os reais,
ao invés de guerra
ensinam os manipulados,
o que é liberdade.
Assim, o manipulador não tem
mais nenhum boneco para controlar.
Fica afastado.
Aparecem outros manipuladores
de olho na população,
fazem promessas magníficas,
para que os bonecos voltem
a usar fios.
Mas agora cheios de opiniões,
os que um dia foram manipulados,
não aceitam mais.
Colocam para governar libertos
que sabem a verdadeira situação
da população.

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Caindo

Como se a gravidade
não existisse mais.
Meu corpo leve,
girando tão rápido,
que nem a física pode explicar.
Ninguém pode me segurar.
Ninguém pode me ajudar.
Um abismo sem fim.
Pensamentos e lembranças se misturam.
Já não diferencio o não do sim.
Caindo.
Cabelos desgrenhados,
agora olhos arregalados.
Ainda não sei como caí
e se algum tempo isso vai terminar.
 

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Verbalizar

Ver,
pensar,
caminhar,
pensar,
falar,
sair,
caminhar,
pensar,
chegar,
entrar,
sentar,
pensar,
lembrar,
pensar,
modificar,
pensar,
imaginar,
pensar,
escrever,
pensar,
criar,
ler,
decorar,
atuar,
pensar,
expressar,
pensar,
encenar,
pensar,
finalizar,
aplaudir,
sorrir
e agradecer.
 

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Ônibus

Abri a porta,
sai gente,
entra gente
e pagam.
Senta gente,
levanta gente
e balançam de um
lado pro outro.
Entra mais gente
e não sai ninguém.
Aperto,
mistura de odores,
claustrofobia
e estômagos embrulhados.
Caminho longo,
e ninguém sai.
O ônibus chega à estação.
Parada abrupta,
gente se desiquilibra.
As portas se abrem,
tumulto de gente saindo
e entrando.
E a gente não para.

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O bobo

Coçava a cabeça com tanta força,
parecendo que queria arrancá-la.
As unhas sujas, as mangas de seu
moletom velho e manchado estavam puídas
assim como a gola.
Aquela coceira infernal não parecia ter fim,
agora se contorcia e gritava.
Parou.
Começou a balançar para frente e para trás,
em movimentos rápidos, parecia bobo.
Balançava.
Parou de novo.
Olhou para mim, como se me conhecesse,
seus olhos se iluminaram de razão.
Devagar como um animal, se escondendo,
chegou bem perto e tentou falar algo,
saíam gruídos indecifráveis.
Os enfermeiros, o levaram para seu quarto,
porque tinha começado a me bater com um livro
por não entendê-lo,
os olhos de razão haviam se transformado em desespero.
Peguei o livro que havia caído no chão,
e me deparei com a foto do bobo que me bateu.
Era o autor de um best-seller,
que ajudou milhões de pessoas.
Ás vezes, as pessoas que mais têm a oferecer para o mundo se tornam incapazes de ajudar a si próprias.

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Mais experiência

Cabelos brancos,
olhos experientes e
esperança de uma vida saudável
e feliz.
Os idosos
são os espelhos do amanhã
para cada pessoa.
Devem ser ouvidos,
para que seus conhecimentos
sejam passados para
as futuras gerações,
que as repassarão.
Muitos se emocionam
com os maltratos
que eles são submetidos,
mas pouco é feito para ajudá-los.
Devem ser respeitados
e tratados como os sábios
de várias culturas.
Eles querem amor
e compreensão.

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Seus olhos

Eu não consigo ver,
seus olhos.
Por que os esconde?
Não posso
ver sua alma.
Tão misteriosa!
Que cor eles tem?
Desvende este meu enigma.
Quão forte é o brilho deles?
Vejo apenas lágrimas.
O que esconde?
O que esconde?
Me conte!
Tenha confiança,
não seja medrosa.
Abra-os!
Olhe para mim.

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Problemas

Fácil de julgar,
sem saber pelo que passaram.
Sonhos arruinados,
laços rompidos,
memórias de tempos
felizes quase apagadas e
rancor dos que maltrataram.
Vergonha pelas críticas maldosas,
pelas ridicularizações
e por não pedir ajuda.
Raiva pelo tempo perdido,
pelo talento desperdiçado,
e pelas lágrimas em vão.
E medo que tudo se repita.
Os problemas, são problemas,
apenas na pele de quem os sente.

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Censurado

Sem direito de expressão.
A boca
com um cadeado.
Olhos vendo
apenas o que querem.
Balanços de cabeças
assentindo e
assistindo tudo sem
poder fazer nada.
Falta de coragem,
de amor próprio e
medo com o que
podem fazer.
Criando expectativas,
uma força maior
começa aparecer.
E agora.
Espera o momento
que o cadeado seromperá
e a censura
cairá.

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Caco de vidro

Brilhante ao sol,
sedutor.
Se visto de
relance se
torna desejável.
Objeto de prazer
dos automutiladores.
Envolto pelo sangue
fresco,
aparenta riqueza
e a dor passa.
Caco de vidro
perigoso,
afiado
e penetrante,
rompe a pele
e mata.

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Viciado

Se prejudica,
se mata,
se destrói
e reclama.
Preocupa os outros,
dá vexame,
exagera
e se distancia.
Fala besteiras,
esquece,
fala mais
e se perde.
Maltrata,
pisa,
bate,
mata aos poucos
e não percebe.
Viciado,
não sabe
que te amam
e querem
te ajudar.

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Metrô

Sentado, isolado
no metrô,
lia um livro
de auto ajuda,
para melhorar a
a vida social.
Um senhor sentou
ao seu lado,
e começou a
lhe contar sobre
seu dia.
Assustado,
parou sua leitura
e ficou atento
a história do senhor.
Ao final do relato,
ele perguntou ao
senhor, o porque
de ter se aberto
para um estranho.
O senhor respondeu
que quando o viu,
tão solitário
e lendo aquele livro,
sentiu pena.
E disse mais,
ele acreditar nem gastar
o dinheiro com aquele
tipo de livro, porque
enquanto ele
não mudar o próprio
jeito solitário,
dificilmente se socializará
com o mundo.O metrô parou,
se levantou e saiu
pensativo, deixando
para trás o livro
e levando uma lição
que iria aplicar
assim que saísse do metrô.

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Tudo Novo

Correndo atrás
de um sonho
que não é sonho.
Tentando descobrir
as faces da vida.
Lugares diferentes,
pessoas estranhas,
olhares assustados,
falsa confiança
medo,
e uma junção
de sentimentos que
querem fazer
sentido.
Saudades,
lágrimas,
lembranças
e uma pergunta:
Será que isto é o certo?

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